Uh, vontade de rir sem medida,
De esquecer do tempo, de abraçar a vida.
De falar só coisa boa, sem censura,
Fazer arte, ser loucura, ser doçura!

Vontade de pular, patinar na calçada,
Fazer besteira bem ensaiada.
Bater uma, rir de mim mesmo no espelho,
Cronometrar a alegria feito conselho.

Sei lá a fórmula, sei lá se tem,
Talvez a graça seja o "não saber também".
Vontade de escrever merda sem pudor,
E encontrar nisso um certo tipo de amor.

De esquecer a lógica, a tal "normalidade",
E andar pelado pela cidade (só na vontade).
De ser feliz mesmo sem eternidade,
De rir da dor e da ansiedade.

"Uh, vontade de ser feliz eternamente..."
Mesmo que o tempo corra indiferente.
Mesmo que o mundo diga "isso é bobagem",
Quero a leveza como minha linguagem.

E se essa vontade for só um estalo no peito,
Um grito sem rumo, um desejo imperfeito,
Que seja! — porque no fundo é poesia:
Ser feliz é a mais louca utopia.