Pessoas frias não fazem poesia
porque poesia é o suspiro da alma,
e almas frias vivem escondidas
atrás de muros de silêncio.

Poesia é o transbordar da consciência,
quem é frio, guarda para si
cada pensamento, cada dor —
como quem tranca janelas com medo do vento.

Poesia é consolo para os aflitos,
encanto para os desesperados,
celebração para os que ainda veem beleza.
Mas os frios não se encantam com magia,
preferem o trágico ao lírico,
e só sentem aflição quando o ego sangra.

Pessoas frias não fazem poesia —
o egoísmo lhes sussurra
que dividir é fraqueza.
Vivem num mundo de indiretas,
onde as rimas morrem sufocadas
pelo medo de se expor.

O mundo da poesia
é para os que se arriscam,
para os sensíveis, os generosos,
os que choram e escrevem,
os que amam e transformam dor em verso.

Poetas não fofocam —
eles poetizam os rumores.
Não se escondem em paredes de concreto,
plantam jardins dentro da mente
e os regam com palavras.

Não têm tempo para a frieza —
estão ocupados demais
com a beleza de dizer o indizível.

Pessoas frias não fazem poesia,
porque a inspiração
não visita corações endurecidos.