Do nada esta vontade aparece, e ai você vê que já faz mais de uma semana que não escreve nada. Parece vício. É vício?
Parece pai que não vê o filho há uma semana.
É um abraço nas palavras.
A gente personaliza cada palavra como se fosse um amigo.
A junção parece aquela calça que ajusta certinho.
As rimas podem surgir como o sol em dias chuvosos, mas também se não surgir, a gente dança pelada na chuva de versos.
Ainda posso perguntar se é vicio?
Acho que não neh?
É o vício com tragadas de inspiração.
É droga que alivia mais que tantrilax.
É um rivotril emocional em dia de velórios.
Sou drogado!
A cada palavra que sai da cachola me confirma isto.
Sou drogado!
Viciado em me expressar.
Fascinado em me expor.
Louco em contar história.
E tudo isto de graça, sem pressão, nem ordens.
Livre!
Um pássaro voando em busca de palavras para alimentar seus filhotes.
Uma nuvem carregada, muito carregada, de inspiração que a qualquer momento "relampiará" - esta palavra existe?
O que importa?
Para quem é viciado em escrever, quando quer escrever mesmo não se importa se a biqueira está sendo vigiada. Vai lá e escreve. Vai lá e se intromete. Vai lá e "joga o verbo", dança com os substantivos e come os adjetivos todos os dias com arroz, feijão e farofa.
Para quem quer contar uma história, não existe história. Ela vem do nada. Vem como uma colmeia - se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. E a gente fica.
Fica só esperando a Mãe Inspiração abençoar com poesia, brindar com sabedoria e encher o coração de alegria...Puts, rima pobre? Não importa também.
A riqueza de quem tem vontade de escrever não tem preço, nem hora, nem tempo, nem presente, passado ou futuro: rico é o homem que recebe da Vida (de Deus ou do Cosmo ) a vontade de escrever